Sinopse
Na actualidade novas tarefas se colocam a todos os membros que configuram a comunidade escolar. É fundamental que estes tenham a capacidade de exercer a sua criatividade e o seu discernimento em interacções frequentes com os seus pares. A partilha, o diálogo e a reflexão sobre a prática profissional, tornam-se fundamentais. Paralelamente coloca-se a necessidade de se desenvolver uma comunidade de prática que colectivamente empreenda esforços, com a intencionalidade em alcançar resultados mais significativos. Deste modo na comunidade ou espaço escolar, torna-se obrigatório disseminar o conhecimento, o que exige um cenário de interacção entre todos os envolvidos. A interacção gera comunicação, a mesma fomenta um espaço de mediações que favorecem todo o processo, evitando a evasão, ou reacções contrárias, negativas.
Vygotsky (1978), defende a ideia que a comunidade, tem um papel central na construção de significados. Ou seja a interacção dos vários elementos do grupo, proporcionará a construção de significados que levarão ao desenvolvimento de saberes. É atribuído um grau de maior relevância ao “Outro mais conhecedor” (alguém com mais competências na tarefa que pretendemos desenvolver para a nossa aprendizagem) fazendo com que a aprendizagem seja mais facilitada.
Dá relevância à “Zona de Desenvolvimento Proximal” (ZDP), caracterizada como a distância entre os níveis de desenvolvimento do sujeito: actual e o potencial, o que faz deduzir que a capacidade de aprendizagem de um aluno mostra-se e produz-se através das interacções desenvolvidas com os pares considerados mais aptos.
Na comunidade ou espaço escolar, torna-se obrigatório disseminar o conhecimento, o que exige um cenário de interacção entre todos os envolvidos. A interacção gera comunicação, a mesma fomenta um espaço de mediações que favorecem todo o processo, evitando a evasão, por exemplo, ou reacções contrárias, negativas, que podem dificultar o processo.
O autor chama a atenção, para a existência dos conceitos científicos adquiridos pela via da escolarização e aos alcançados por meio de interacções espontâneas no dia a dia, acabando a interacção social por ser mais eficaz quanto mais adaptado o indivíduo estiver em relação às ferramentas de que dispõe. Propondo o exercício das tutorias, aponta como finalidade o facto de a permissão do apoio dado por um professor ou mesmo um colega mais capaz, levar o aluno a superar as suas capacidades individuais. Trata-se de um processo a desenvolver, principalmente com os alunos em que sejam detectadas mais dificuldades. Para o exercício destas funções, as competências “clássicas” dos professores em situação presencial, apresentam uma tripla função:
▪ Representação institucional (estatutária)
▪ Especialista (responsável de conteúdo)
▪ Tutoria (responsável pelo ambiente de aprendizagem)
tendo por funções, tarefas: materiais, simbólicas, cognitivas e relacionais: geradas ao mesmo tempo, no mesmo lugar e dum modo intuitivo e espontâneo em situação de comunicação, pedagógica presencial.
Com efeito, comunicar significa partilhar, isto é, compartilhar com alguém um certo conteúdo de informações, pensamentos, ideias, intenções, desejos e conhecimentos.
A tutoria presencial apresenta como objectivos, ajudar os alunos que apresentem uma atitude passiva face à sua própria aprendizagem, a desenvolverem capacidades de autonomia face aos seus projectos de vida/profissionais, auxiliando-os na criação de novos hábitos/comportamentos. Procura-se despertar, no aluno, atitudes que o levem a traçar as suas estratégias de estudo.
Outras finalidades relevantes são no domínio de apoio directo aos alunos relativamente às suas unidades de trabalho em curso, de forma a tirar dúvidas, apontar alternativas, recomendar leituras, pesquisas, actividades, etc.
A figura do tutor, sob a forma do professor/ orientador, surge, nos dias de hoje, legislada. Este será (ou poderá ser) um intermediário entre os vários professores da turma e os alunos. A sua função principal será acompanhar os alunos assinalados, criando estratégias motivadoras que influenciem a forma como estes poderão realizar os trabalhos solicitados, propondo paralelamente pontos de vista críticos e alternativos.
É detentor de um papel significativo nas ajudas eventuais que pode fornecer ao estudante, ensinando-o a tomar consciência das suas características pessoais respeitantes ao estudo e forma de potencializá-las. Deverá ajudar o aluno a tomar consciência das características da sua aprendizagem, através de um processo auto-reflexivo, sobre o seu comportamento a estudar.
Esta ajuda/ formação consiste em mostrar ao estudante a importância de este adoptar uma posição de aprendizagem activa que o leve a uma constante procura de melhores métodos de aprendizagem para o seu modo de estar e a uma implicação pessoal no processo de aprendizagem.
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